Momento Histórico na Vila Madalena por Valter Caldana

Momento Histórico na Vila Madalena por Valter Caldana

Reproduzo aqui interessante artigo do meu amigo Valter Caldana, do seu blog "debatendo" (clique aqui). Uma visão anticonservadora que incomodou muita gente que mora na Vila. Outro dia, andando de bicicleta, ouvi uma moradora de um dos prédios luxuosos da Rua Morás dizer: "ainda bem que veio a polícia botar uma ordem nesses mijões e maconheiros, porque desse jeito a vila vai acabar, já não chega os prédios que estão construindo sem parar". É aquela velha história: os prédios são inimigos, mas só os que vieram depois depois do meu, e a vila "vai se acabar" por estar sendo o que ela sempre foi, antes, muito antes do prédio dessa senhora chegar. Vale a reflexão sugerida pelo Caldana.

Read More

A histeria despolitizada com a falta de água; ou a velha e boa manipulação da mídia

A histeria despolitizada com a falta de água; ou a velha e boa manipulação da mídia

Quando a vaca foi pro brejo (sem água) de vez, assistimos a uma sutil, mas como sempre bem orquestrada, despolitização dos fatos. De umas semanas para cá, a questão da água, ao ler a grande mídia, não é mais um problema do Estado de São Paulo, mas do Brasil, senão do mundo. Sutilmente, editoriais e colunistas começam a "despolitizar" a questão no âmbito estadual, para "politizá-la" no âmbito mais geral. São todos culpados, do prefeito à presidenta, o que dilui, evidentemente, as responsabilidades. Que ninguém se engane: a água no mundo está se tornando escassa, mas o que temos aqui é mesmo um problema local: o colapso total da (des)política de gestão hídrica capitaneada pelo Governo do Estado e pela Sabesp. E não adianta mais nem chover.

Read More

Por que opor-se a usinas nucleares? Da inquietação ao pânico...ou à indignação? por Chico Whitaker

Por que opor-se a usinas nucleares? Da inquietação ao pânico...ou à indignação? por Chico Whitaker

Como ando meio deprimido com a discussão urbana, tanto no âmbito federal quanto no municipal (para não falar da questão da água no âmbito estadual), posto hoje um texto sobre outro tema: o da energia nuclear.

Talvez porque estejamos todos embrenhados nas nossas lutas cotidianas, pouco damos atenção para a discussão sobre a matriz energética brasileira. A ideia de que somos um país privilegiado pelas águas (que está literalmente indo pelo ralo) faz com que achemos que a questão está resolvida com as hidrelétricas, e que se necessário teremos a incrível energia nuclear para "complementar". Por isso, obras como Belomonte ou como Angra 3 - a nova unidade da já patética usina nuclear de Anga - são vistas com bons olhos e geralmente assimiladas a um "desenvolvimentismo necessário".

Porém, a verdade é que a tecnologia nuclear está à beira de um colapso. Se acidentes como o de Chernobyl  ficaram meio na surdina, pois ocorreram para além da então existente cortina de ferro (sem contar as centenas de outros acidentes não divulgados na ex-URSS), o advento de Fukushima, em 2011, escancarou para o mundo a extrema fragilidade e o perigo monstruoso dessa tecnologia: milhares de mortos e de condenados à morte nas próximas décadas, contaminados invisível e sorrateiramente por uma irradiação que não deixa marcas, mas "adere" à tudo - água, plantas, ar, poeira - e sai deixando um rastro trágico.

Não bastasse o risco de um acidente pavoroso - como ao colapso dos reservatórios contendo milhares de litros de água contaminada - que provocaria a morte não de milhares, mas sim de milhões de pessoas, a "nuvem" radioativa já afeta uma ampla região no japão, dissimulada a todos custo pelas autoridades.

Como ativista pela cidadania que é, meu pai, Chico Whitaker, lançou-se em essa nova empreitada: fazer ver à população brasileira os perigos dessa tecnologia, e conseguir fazer que o governo abandone a ideia suicida de Angra 3.  Muito embora a Alemanha esteja ela mesmo abandonando o nuclear, o acordo de "transferência de tecnologia" para a construção de Angra 3 continua valendo. Para os outros, vale vender um projeto que põe em risco (já o faz com Angra 1 e 2) milhões de moradores da região Sudeste do país.

Meu pai esteve no Japão no ano passado. O relato que trouxe de lá, que em breve estará acessível, é estarrecedor. Há uma operação em curso para esconder uma tragédia sem precedentes, em nome dos interesses políticos do governo e econômicos das empresas implicadas. Um escândalo.

Reproduzo aqui um texto seu, curto e muito didático, sobre a questão do nuclear. Um debate que precisa ser lançado.

João Whitaker

Read More